Ao ouvir a
tosse rouca...
Tuberculosa
de uma motocicleta
Do telhado
cinematográfico de casa
Fui lendo
algo nas asas de uma borboleta.
Nela
lembrei-me de certo silêncio
Um silêncio
dos antigos lá dos passados
Ao deus do
silêncio faziam - se homenagens
Levando paz
e tranquilidade os povos brandos.
Mas não tão
longe e um pouco antes
Franklin
ainda nem sonhava em empinar pipas
E a
eletricidade mergulhada no mundo das ideias
Dava lugar
ao mundo orquestrado do canto das aves.
Disse às
asas - as asas que se expandiam;
Quero eu o
meu silêncio! Dê-me o meu silêncio!
E se é para
conversas só ouço os diálogos das baleias
Na imensidão
do mar selando em beijos o silêncio e o bulício.
Silêncio
Inteiro, saudável. Silêncio silencioso
Um resolver
sem balas, feito de sabão a se desmanchar...
Nas aguas
claras de arraias, de tamanduás e araras preguiçosas...
A borboleta
foi levando minha alma para de certo modo eu me encontrar.
Todos
deveriam reivindicar o seu silêncio
Sete bilhões
nesse hábito de árvores e folhas e cabelos
Movimentados
pelo sopro de um calmo Tifão o senhor dos ventos
A brisa,
plácida, de folhas viradas às vinte e quatro horas da manhã.
O silêncio
vai de mãos dadas a uma sombra esticada
Nessa hora
um muro de tijolinhos e uma luz morta lá no alto
Na mão um
livro, de filosofia alemã intrinsecamente pesada...
Ou de
receita de bolo de mandioca e de biscoitos amanteigados.
Não se sabe
ao certo o que veemente leva esse espectro
Mas o
silencio que ele conserva representa o caos doente:
Desorganizando
as ideias. Desconectando se mentalmente
Os ruídos de
hoje vão devorando a gente como último cancro.
Volto ao
telhado de casa e ouço o absurdo com os olhos
Cem motores
potentes movimentam uma frágil manivela
E no meio
disso tudo o silêncio indo embora em mudo choro
E tudo por
causa de um livro e uma motocicleta velha.
Ander
01/07/2012
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