sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O anjo devastador


O funeral das esferas melancólicas do Universo
Fez-se quando a terra ardeu em cinzas
E o pranto dos oceanos encharcou-se em versos
Se banhado em sangue espesso de almas frias.

Pelo espaço como pó de lindas estrelas
A existência solilóquio há viu um dia
Um anjo sem destino pela atmosfera
Vagando absorta numa contemplação divina.

A terra que sofre, solenemente esculpia teu crânio e espinha
Dando marcha ao peito, o coração negro. A terra escolhia...
A terra escolhia átomo por átomo e o teu corpo construía
No término de teu feito vestiu-a com a pele minha.

Eu, este cadáver antropófago, do tédio da carne humana
E em todas as paixões da vida, fui negligenciando uma por uma
No entanto a terra suspirou e estendeu as mãos ao infinito
Impelindo minha alma morna a retirar as vestes do luto.

Formosamente vem, oh cândida, cristalina
Vem do espaço, de um céu vasto descer sobre as colinas
Como o anjo e as asas do Inferno, contemplarei teus lábios,
Os fios cacheados e a tua vontade em trucidar os já mortos.


Ander 10/julho/2006    

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