sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Memória


Um pensamento
Em todos nós...
Como corpo estirado
Entre árvores...

Um abutre
Em calor escaldante
Levanta voo sobre a carniça...
Com o pedaço de carne
Descendo sobre a goela,
Outro pássaro desce,
Outro pássaro sobe,
Devorando a singular
Parte infausta do cérebro
Encharcada da pestilenta
Memória.

Do pensamento o corpo
De nós mesmos
Como o fígado de Prometeu,
Que nunca acaba.

Essa aberração,
O tumor metafisico
Que todos nós temos
Nunca é retirado
Se, a carne regenera,
Ou a Natureza nos aniquila
Ou nós mesmo com a cabeça nos trilhos de um trem
A despedaçamos.  

Daí o fim da vida
Toda ela se destraça
E se resta a lembrança
Aquele corpo que irá morrer
Por um tiro
Do último suspiro
Brilha a miserável memória.             


Ander 23/12/2014

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