quarta-feira, 4 de março de 2020

Tríplice Anti-Humano




O poeta quando, essa, a realidade longínqua...
... É impossível chegar ao teu punho fechado
Socorre à imaginação que vai de líquida a solida,
Inexoravelmente as obscuras forças iníquas
E se alivia e sossega na segurança da arte:

No ato 1°o soco arranca o dente
Violentamente já outro na largada
Suscetivelmente arranque na chegada
Tantos outros a destruir humanamente
Aquilo que não serve mais pra nada.

No ato 2° a mão segura o revolver
Aponta para a testa do facínora
Cão miserável, velhaco abominável,
E o gatilho aperta explodindo o cérebro
No festim ao inferno enviado o salafrário.

No ato 3° as mãos estrangulam a meretriz
No sincronismo das duas em concha sobre a jugular
Onde se debate a monstruosidade a relutar
E para, e volta e nunca morre. Ametista maldita
Submergida nas sombras do tempo.

A tríplice anti-humano
Das infindáveis controversas
Versas as múltiplas faces
Da incongruência humana
Ao absurdo do animalesco
Que reina em todos nós.


Ander 04/03/2020

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Condescendência niilista


Eu, um ateu quase niilista
Você, uma católica catequista
Eu, que a espécie humana apodreça
Você, que todas as almas floresçam.

Eu, que o pecado é uma divina invenção...
Você, esse é o maior mal do coração
Eu, que o vilão degole o mocinho
Você, que o mocinho peça perdão.

Eu, que na vida não há sentido
Você, a realização de um filho
Eu, que os sonhos são psicanalíticos
Você, os sonhos são para ser seguidos.

Eu, penetrando uma caverna
Você, abrindo todas as janelas
Eu, não pergunto por ninguém
Você, aflita de preocupação.

Eu, introspecção destrutiva
Você, brandura do ideal coletivo
Eu, idólatra do silêncio meditativo
Você, a condescendência das coisas vivas.

E assim nos extremos do inacreditável
Somos peças opostas de encaixe,
- Que se encaixam -
Luz e sombra, você e eu,
No momento em que o Sol nasce....
E também morre.


Ander 17/07/2019

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Coração de Sorriso infindo


Esse seu sorriso
De quando sorri
Sorri de dentro
Pegando impulso
Num grande salto
Com tudo, sobre
Tudo, aberto, não
Voltado adentro.

Esses seus sorrisos
Tantos deles, de cristais
De espuma, de brandura
Algo tão seu, algo tão sua,
Mas todos são só uma
Que vem feito areia de praia.

E ondas me deixo ser
Me encharcando
Perdido e de encontro a você
Estendendo minha alma
No varal vasto do mar.

Esse sorriso que se abre
Uma determinada...
Um alvo de amor e felicidade,
De onde não havia nada
Um terreno outrora árido
Que jaz no meu passado.

Esse seu sorriso,
Quando mesmo não está sorrindo
Sorrindo está por dentro toda
E não, nunca mais se acaba
E mesmo sem sorrir assim
Sei que por dentro é tão clara
Ininterruptamente uma paz rara
Que só se encontra no fim.

E tudo assim, esse sorriso é secreto
De quando raramente está mais quieta
É dessa da qual falo
E todo ele está dentro
De amor em seu silêncio
Do qual só eu assim te enxergo.


Ander 19/09/2017

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Ao Mar: Para Deus






E desceu as águas sobre tua cabeça
Mantos de torrentes subaquáticas
E fez de águas o universo inteiro
Dos mais famosos seres aquáticos
Aos mais terríveis submersos monstros.

Decidiras viver com esses para o sempre
Onde leviatãs não eram tão mais que demônios
Chicoteando nas correntes do crânio
Que vieram do teu útero enorme
Nestas profundidades de grandes tubarões
E cardumes que nadam contra a correnteza:
Todos filosofando com o criador,
Sobre os infortúnios da existência
Todos filosofando com o próprio Deus.


Ander 11/09/2017

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Sons de Amor


Teus olhos de fascínio, de amor brando e encanto
Ao meu olhar adentro e misteriosamente profundo
Escrever, então, se fez necessário, quando... ... .... ...
As palavras não foram mais, e tivemos um silêncio sacrossanto.

E meus sentimentos que contive, os mais amáveis
Ao redor de uma cerca bruta, protegido todos eles
Arrebentaram como feras, sentimentos indomáveis
E saíram todos correndo, saltitando pelos mares...

Óh! Deus, eles foram em frente ao grande teatro (os sentimentos)
E todo mundo afora, como figurantes dispensáveis
- A amei sem antes tê-la, e a amei demasiadamente mais
Antes de vê-la, pois, as estrelas num sonho, me confidenciaram.

Seus lábios aos meu tocaram, e nos devoramos!
Em amor tamanho, cosmológico, em amor astronômico
No amor dos santos, de amor puramente nós entregamos
E enlaçamos nossas almas em puros sons de amor harmônico.

Minha alma e meu corpo então puros de você
De toda a fragrância que emana de seu amago
E dado o toque antes de nossos corpos, antes,
Quando sua existência se construía, minha alma...
Já se encharcava de você, embriagava de você!

E dentro disso tudo, ontem não a conhecia
Hoje me esbaldo, derramo do liquido 
Transborda enxurradas sentimentos que vencia
E continua como duas estrelas de uma mesma família.


Ander 23/07/2017

sábado, 10 de junho de 2017

Olhos de Missiva


Quando o sol poente adormece
Em teu sorriso, da luz, ele descurva
Vai sob o teto da estação, desvanece
Suas costas aos meus olhos de missiva.

E seu nome assim ecoando
Um temporal de águas da alma
Deixar-te, não! Ir inundando-a
Onde mergulho a derramando.

Retorna de sentimental pranto
A sua ida que vai... e se distância
E olho as costas de quem nunca mais
Talvez jamais a veria novamente um dia.

Ardente desejo de subi-la tanto à Lua
E descê-la no amor profundo dos corpos
Ah! Lembro agora, foi o tempo do relógio nulo
Onde o nosso beijo ondulou num sopro.

De Sato cobri as estrelas brandas
O coração do mundo todo nos espiando
A tive, e como meros figurantes as árvores,
O tronco que chora, pássaros e a espécie dos homens.


Ander 10/06/2017

terça-feira, 21 de março de 2017

Alma nua


Olhei por uma fresta de minha alma
Teu corpo no beiral de uma cama se despindo
Com os olhos de chuva, pingos d’agua descendo
E cada peça de roupa desnudando-a ia,
Até seu corpo nu, que continuou ainda
Além da pele e dos músculos...
O sangue por completo transbordando-a
E de cada órgão que rompia,
Tal luz não mortal, angelical explodia!
Conforme se despindo...
Até a peça derradeira, de um certo horror
O espelho sem querer refletia
Em dada a hora, ao olhar
A última peça que faltava
Era seu crânio que a você voltava
A vendo completamente nua
Só assim estando pronta
Pegou entre os dedos,
A pena, de completos, inteiros sentimentos
E começou a escrever teus poemas.


Ander 21/03/2017