Eu, um ateu
quase niilista
Você, uma
católica catequista
Eu, que a
espécie humana apodreça
Você, que
todas as almas floresçam.
Eu, que o
pecado é uma divina invenção...
Você, esse é
o maior mal do coração
Eu, que o
vilão degole o mocinho
Você, que o mocinho
peça perdão.
Eu, que na
vida não há sentido
Você, a
realização de um filho
Eu, que os
sonhos são psicanalíticos
Você, os
sonhos são para ser seguidos.
Eu,
penetrando uma caverna
Você,
abrindo todas as janelas
Eu, não
pergunto por ninguém
Você, aflita
de preocupação.
Eu, introspecção
destrutiva
Você,
brandura do ideal coletivo
Eu, idólatra
do silêncio meditativo
Você, a condescendência
das coisas vivas.
E assim nos
extremos do inacreditável
Somos peças
opostas de encaixe,
- Que se
encaixam -
Luz e
sombra, você e eu,
No momento
em que o Sol nasce....
E também
morre.
Ander 17/07/2019