quinta-feira, 18 de julho de 2019

Condescendência niilista


Eu, um ateu quase niilista
Você, uma católica catequista
Eu, que a espécie humana apodreça
Você, que todas as almas floresçam.

Eu, que o pecado é uma divina invenção...
Você, esse é o maior mal do coração
Eu, que o vilão degole o mocinho
Você, que o mocinho peça perdão.

Eu, que na vida não há sentido
Você, a realização de um filho
Eu, que os sonhos são psicanalíticos
Você, os sonhos são para ser seguidos.

Eu, penetrando uma caverna
Você, abrindo todas as janelas
Eu, não pergunto por ninguém
Você, aflita de preocupação.

Eu, introspecção destrutiva
Você, brandura do ideal coletivo
Eu, idólatra do silêncio meditativo
Você, a condescendência das coisas vivas.

E assim nos extremos do inacreditável
Somos peças opostas de encaixe,
- Que se encaixam -
Luz e sombra, você e eu,
No momento em que o Sol nasce....
E também morre.


Ander 17/07/2019